Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego descobriram uma estratégia de tratamento de câncer altamente eficaz que eliminou completamente os tumores em 15 dos 20 camundongos com câncer bucal. A inovação reside no momento preciso da radioterapia e da imunoterapia, uma combinação que sobrecarrega o sistema imunológico para destruir as células cancerígenas.
O problema com as terapias atuais contra o câncer
Muitos cancros, especialmente o carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço (CECP), são difíceis de tratar porque suprimem as defesas naturais do corpo. As abordagens tradicionais muitas vezes danificam componentes vitais do sistema imunológico próximos ao tumor, dificultando um tratamento eficaz. A nova abordagem evita esta armadilha, preservando as principais estruturas imunológicas.
Como funciona o tratamento
A equipe da UC San Diego descobriu que administrar radioterapia antes da imunoterapia é fundamental. Este primeiro passo protege os gânglios linfáticos que drenam o tumor – centros essenciais que coordenam a resposta imunitária. Posteriormente, a imunoterapia ativa o sistema imunológico aprimorado, permitindo-lhe procurar e destruir as células cancerígenas restantes.
Principais conclusões:
- Resposta completa do tumor: 75% dos camundongos tratados com a abordagem cronometrada não apresentaram tumores detectáveis após o tratamento.
- Ativação de células imunológicas: Ambas as terapias trabalharam juntas para aumentar significativamente a migração de células dendríticas CCR7+ ativadas, células imunológicas que iniciam respostas antitumorais mais fortes. Isto ocorreu em todos os ratos tratados.
- Insight Biológico: O estudo revela o papel crucial dos gânglios linfáticos drenantes de tumores na biologia do câncer, abrindo caminho para novas estratégias terapêuticas.
O que isso significa para o tratamento humano
A equipe já está lançando ensaios clínicos no Providence Earl Chiles Cancer Center para testar esta abordagem cronometrada em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. O impacto potencial é substancial: esta estratégia poderá melhorar os resultados dos cancros que são atualmente resistentes aos tratamentos padrão.
“Otimizar a sequência e o tempo das terapias é fundamental”, explica o Dr. Robert Saddawi-Konefka, pesquisador principal do estudo. “Este método mostra que a coordenação precisa do tratamento pode maximizar os benefícios para os pacientes.”
A pesquisa, publicada na Nature Communications, foi apoiada por doações do Instituto Nacional do Câncer. Os autores não relatam conflitos de interesse. Esta descoberta representa um avanço significativo no tratamento do cancro, oferecendo esperança aos pacientes com tumores agressivos e resistentes ao tratamento.
